Angola

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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

E para Luanda


Casa do Savimbi


Huambo cidade











Huambo

















Bem a viagem ao Huambo foi antes de começar a escrever aqui neste espaço, no entanto foi uma experiencia única e digna de registo, daí eu pô-la por escrito agora, decidi ir com uns amigos ao Huambo visitar um cliente de carro, podia ir de avião, era mais rápido, mas não ….Carro é que é!!, cerca de 700 km, estrada, algumas zonas de picada, e muitos buracos mas realmente umas paisagens de se ficar de boca aberta.
Saímos de casa já tarde, eram umas 5 da manha… carrinha atestada e mais 3 bidões de 20 litros de reserva na parte de trás da pick up, parámos num local para comprarmos águas e frutas, depois a meio caminho só para esticarmos as pernas, e 8 horitas depois chegámos ao Huambo, fiquei realmente surpreendido pela positiva, a cidade está muito limpa, toda arranjada com belos jardins e esplanadas, as pessoas também são bastante simpáticas e até deu para darmos um passeio a pé pela cidade á noite, e irmos ver um jogo de futebol salão no gimnodesportivo de Huambo, claro que fui lá para trabalhar e por isso não deu para ver tudo, mas no Domingo acordei cedo e dei mais uma olhadela pela zona, contam as pessoas da zona que até o Presidente na sua ultima visita ficou impressionado com a evolução da cidade e com as coisas, já quase todas arranjadas e recuperadas da guerra, digo quase todas porque como sabem, o Huambo era a capital do Savimbi, e a sua residência ficou com todas as marcas dos combates que lá se travaram, é realmente uma imagem arrepiante.
Interessante também é o clima, o Huambo é uma zona mais fresca, com muito mais chuva, e até faz lembrar um pouco o nosso clima português, foi também a 1ª e única vez até agora que usei uma camisola á noite em Angola.
Bem foi bom mas acabou depressa, e já eram horas de voltarmos para Luanda, afinal no dia seguinte era mais um dia de trabalho intenso, e ainda havia o pormenor da viagem de volta.
Mas ficam as imagens.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
















A viagem de regresso foi feita a tirar algumas fotos á paisagem, houve tempo para umas paragens para comprar fruta nas muitas bancas que vendem junto á estrada, e claro tempo para estar 1 hora na fila da bomba de combustível para encher o depósito para a semana de trabalho que se avizinha.










Depois de comer exageradamente, nada melhor que um belo mergulho nas águas quentes da praia que ficava do outro lado do rio a cerca de 2 minutos, gostei imenso da parte onde verifiquei que realmente ninguém leva toalha para a praia, e há 2 razões para isso, a 1ª claro, não vai voltar para casa de certeza, porque ganha pernas e foge, a 2ª é que não faz falta, uma pessoa dá um mergulho mete se a boiar e adormece dentro de água… depois sai 15 minutos, fica a falar um pouco em pé com a malta na praia e fica sequinho, pronto para entrar no carro e ir se embora, e se alguém pensa que vai para a praia apanhar banhos de sol, lembrem se que deus fez a malta aqui negra por uma razão muito boa, ISTO QUEIMA…as pessoas são muito amigáveis e brincam todos uns com os outros, é uma enorme festa na praia, uns levam colunas, outros a musica, e ninguém se chateia, eu pessoalmente fui muito bem tratado, tirando quando quiseram que eu fosse jogar com eles á bola e disse que não me dava muito jeito, ficaram um pouco desconfiados, mas passou.
Lamentavelmente nem tudo é excelente, a zona da praia onde colocam as viaturas está minada de lixo e garrafas partidas o que obriga a andar de chinelos, (ou botas de biqueira de aço) e como no resto do país, se há espaço mete-se o carro, não interessa que bloqueie quem lá está.















Mas o melhor foi mesmo quando lá cheguei, praia maravilhosa com águas quentes e uma paisagem digna dum livro do National Geografic, só mesmo África. A zona da barra do Dande onde o rio se junta ao mar, é um local de pescadores onde se espalham as barracas junto á praia para servirem os visitantes, lagosta, gambas, e peixe fresquíssimo, basta dizer que a querida D. Alice, a dono da barraquita onde comi, pedia ao filho para ir buscar mais peixe ou lagosta ao pescador quando estava a ficar sem matéria-prima, isto sim é eficiência, um verdadeiro sistema just in time.
É verdade que neste local também existem 2 restaurantes de renome com segurança á porta, praias privativas e bungalows para passarmos os fins-de-semana, mas eu lamento muito, prefiro as barraquitas tradicionais onde se come um excelente muqueque de peixe, e praticamente andam a correr atrás da lagosta para a suar mesmo bem, ou grelhá-la é como queiram. Eu comi que nem um lorde, estava tudo divinal, e se souberem onde se pode comer ai uma lagosta por 20 euros, digam me qualquer coisa, senão roam-se de inveja e mais nada….

Barra Do Dande







Pois é amigos nem só de trabalho vive o homem, também temos de gozar com a mesma força, tento viver com a mesma intensidade que coloco no trabalho dai andar sempre metido em aventuras e algumas encrencas…eheh!
Este domingo uma viagem á barra do Dande, um local espectacular a cerca de 80 km de Luanda, sai de casa por volta das 8 da matina, e 3 horas depois lá estávamos a chegar, claro pelo meio mandaram nos parar 3 vezes, só para terem a certeza que eu tinha os documentos todos em dia, deposito cheio, e pneu suplente, aqui a policia é muito prestável.A viagem foi uma mistura de muito transito, e umas belas paisagens,

sábado, 14 de fevereiro de 2009

LUANDA











Luanda
É aqui em Luanda que eu passo 50 a 60% do meu tempo grande parte dele no transito, Luanda é uma cidade estaleiro neste momento, está a ser reconstruída, remodelada, renovada e tudo o resto que tenha a ver com construção, ou de edifícios ou de infra-estruturas. Nota se que já foi uma cidade linda talvez até avançada para o seu tempo quando foi construída, mas anos de guerra e falta de manutenção tornaram na num caos completo, mais carros que espaço para eles, falta de estacionamentos ou estradas alternativas, fazem cada ida á cidade uma tortura. Seja para tratar de um assunto no banco, guarda-livros ou seguradora e sabemos que podemos contar com um dia para perder. Na verdade como a maioria das empresas só têm delegações em Luanda é quase tudo tratado lá o que só ajuda ao transito claro…. Mas o que eu acho engraçado é a forma como as pessoas usam o caos de Luanda como uma forma de se organizarem, ou melhor desorganizarem, é que 1º têm desculpas para tudo, ninguém cumpre horários com nada nem por nada, é o trânsito, é um acidente, é a avaria, as pessoas não cumprem por 2 razões, por tudo e por nada. Depois as próprias empresas que prestam serviços atrasam os mesmos sabendo que para reclamar de uma forma convincente teremos de nos deslocar lá, o que significa quase sempre perder um dia de produtividade só para dizer que algo está atrasado ou mal, e 90% das pessoas não o faz, e é uma roda-viva de incumprimentos….
Depois a questão da polícia, um pula (branco) ao volante e é difícil sair da cidade sem uma paragem ou duas para ver toda a documentação, e mesmo quando está tudo em ordem, não é difícil esperar 40 minutos para nos devolverem os documentos e mandarem ir embora, claro 1º há sempre a tal queixa que a vida está cara e tal e coiso…e uma gasosa, não?
Tenho um motorista que dá cabo de mim, não sei se choro ou me riu, a necessidade de ter um motorista é, 1º para n ter de me preocupar com estacionamento, e segundo, já agora que me deixe perto dos locais onde tenho de ir, mas no princípio era engraçado passava na rua acima e apontava para o local onde eu iria;.. argumentos? Ou que assim apanhávamos menos transito, ou que se tinha enganado na rua, ou que era sentido único, what ever…. Depois a questão de quando sai dos locais não sabia onde ele teria estacionado, prontos resumindo umas primeiras semanas engraçadas, até que um dia eu disse lhe “para andar a pé, estacionar longe para fugir ao transito, e andar 2 quarteirões para ir ter com ele quando saia das reuniões, eu não precisava de motorista” ele entendeu onde eu estava a chegar, e a partir desse dia começou a pensar melhor como ir aos locais o como me ia buscar quando eu estivesse terminado.
Hoje para acabar com a questão do trânsito em Luanda, adoro as bombas de gasolina 2 horas á espera e quando estamos mesmo para abastecer acaba se o combustível é uma maravilha, eu adoro África….
Amigos caso tenham perguntas, estejam á vontade, afinal ainda me dão alguma coisa sobre a qual escrever.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Bem, não há aventura que não tenha pelo menos no nosso pensamento inicial, uma finalidade, e perguntam vocês qual é a minha finalidade? Eu vim para aqui com duas finalidades em mente, a 1ª Fundar uma empresa vocacionada para a área logística mais propriamente uma empresa de fabrico e comércio de estantes ligeiras e industrias, ou para os comuns mortais, PRATELEIRAS, vim equipar os nossos armazéns, formar as equipas de montagem, de entregas, formar pessoal para o armazém, pessoal para os escritórios, vim começar uma empresa da estaca zero, pelo menos em termos humanos, considero me, e com algum orgulho, o batedor da empresa, sou eu que venho abrir caminho e criar condições para o futuro.
O trabalho tem sido imenso porque tirando todas as tarefas que mencionei acima, há a questão das burocracias locais, dos atrasos provocados por trânsitos caóticos, e também da falta de condições gerais, temos de arranjar formas alternativas de energia e águas potáveis, porque a zona industrial onde estamos localizados não tem rede de águas nem eléctricas por enquanto, isto apesar de ser muito próximo de uma das maiores zonas industriais do pais, a Zona Económica Especial. Eu sou o que a minha querida mulher acusa de workaólico, e é verdade, acordo todos os dias com vontade de ir trabalhar sou abençoado com a prazer de fazer algo que adoro, costumo dizer que me pagam para eu conhecer pessoas e fazer amigos que mais pode alguém pedir.
Mas a 2ª finalidade foi investir na criação de melhores condições para a minha família, uma vida economicamente mais estável, com menos um pensamento diário de como pagar isto ou pagar aquilo, não sou nem nunca fui rico, vivo do meu trabalho, ou melhor a minha família vive do trabalho da minha esposa e meu, penso neste momento como um investimento para o futuro, e comecei a pensar mais no futuro depois de ter a minha piolha, e de ter outros dissabores que para já nada interessam.
Mas o que realmente interessa é que neste momento as duas finalidades começam a afastar se cada vez mais, se por um lado eu tenho o meu trabalho que faço com todas as forças que tenho, pelo outro lado vejo a minha família a ficar mais afastada de mim, eles estão em Portugal e não será fácil virem num futuro próximo para aqui, e aqui também aprendi que o dinheiro não é tudo, há coisas na vida que o dinheiro nunca me poderá pagar, a minha filha nunca mais terá 2 anos e meio, e eu não vou poder voltar atrás e fazer o que perdi nestes tempos aqui, mas sei que faça o que fizer serei sempre criticado por ter feito algo errado, alguém conhece um pai que não tenha sido criticado pelo seu rebento? E é aqui que reside a minha maior duvida e o meu dilema, é verdade que está cá muita gente, muita malta com a família na Tuga, é verdade que aqui se vê um futuro para alem do amanha, não olhamos para o horizonte com a sensação que não há mais nada lá a frente, sabemos que ainda há muito trabalho pela frente, e que onde há trabalho há espaço para os workaólicos se safarem, mas afinal poderei só falar por mim e pelo que sinto.
No entanto depois de estar aqui á algum tempo fiquei com uma 3ª finalidade, absorver o máximo possível desta terra de contradições, está cheia de coisas lindas e horrores, de boas e más pessoas de todo o mundo, de coisas que nos fazem rir para não chorar, e de coisas que nos fazem chorar de tanto rir, ninguém poderá alguma vez sair daqui dizendo que não aprendeu nada, é África...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009




Olá, para quem não me conhece eu sou o Hugo, simplesmente Hugo, gosto de me considerar uma boa pessoa; perguntam o que é uma boa pessoa? 51% Boa e 49% má, e para mim é boa pessoa. Sou parte cómica, parte sério, bastante honesto e muito fiel, tenho um código de honra que ninguém conhece, e graças a deus poucos se apercebem, ou seja para quem me conhece, sou o Hugo.
Ponderei bastante antes de começar a escrever esta pequena historia , em parte porque não tenho muito jeito para a escrita, em parte porque sou demasiado calão, mas talvez a maior razão de todas, eu tenho medo, medo que me fiquem a conhecer demasiado depois de lerem o que foi escrito, afinal vou escrever o que penso, o que passei, o que passo, e quem sabe o que um dia algum de vós passará também.
Dia 23 de Setembro acordo em Angola, quer dizer num avião acabadinho de aterrar, preparo me para o que será uma aventura de 3 meses, mesmo antes de me levantar da cadeira faço o que sempre faço quando ando de avião para aqui, olho para as fotos que tenho na carteira das 2 pessoas mais importantes para mim, filha e mulher, faço um reset ao cérebro para me relembrar o que quero disto, e levanto me …outro bicho.
A chegada a Angola é sempre uma aventura, saímos de um avião com àr condicionado e parece que levamos com um bafo de vapor nas fussas, ficamos logo com a camisa suada e a língua de fora, demora 10 minutos a habituar nos ao ár denso e húmido.
Viagem dentro do aeroporto e tal e pimba e está na hora de entrar no pais, passaporte numa mão mala do Pc na outra, cartão de vacinas, e uma folhita que nos dão no aeroporto para preencher mas só depois de meia hora de fila, e depois? Mais uma hora na fila para entregar o nosso passaporte ao senhor do carimbo.
Passamos o stress do passaporte e vem o stress das malas, enquanto aguardamos pelas malas somos observados, analisados, literalmente tiram nos as medidas, a questão aqui é, não parecer novato e perdido, não estar muito á vontade, não dar a ideia que estamos sozinhos, porque afinal os tubarões das gasosas (dinheiro para nos largarem da mão) andam á espreita. Pegamos nas nossas malinhas lindas e saímos do aeroporto, até neste dia fiquei sem 5 euros para não me chatearem mais com as malas, á que alivio sair do aeroporto, Angola finalmente, olhamos á saída da porta e, oops, 100 gajos a olhar para ver se precisamos de ajuda com as malas, isto enquanto se espera pelo motorista, amigo, colega, alguém que nos venha buscar, nós ficamos atrás dumas gradesitas baixas, tipo grades das obras de onde não aconselho ninguém a sair sem a vossa boleia já á vista.
O meu amigo Carlos veio me buscar neste lindo dia, e lá vamos nós para Vila Alice, muito trânsito para quem não conhece é caótico, está a melhorar e ainda vai melhorar muito, mas por enquanto é caótico, muito organizado e civilizado, nada de stress nem buzinadelas, o que é admirável tendo em atenção a confusão.
Eu sou uma pessoa calma, mas este inicio mexe-me com o sistema nervoso, sinto me um gato dentro de uma gaiola, cheio de medo, de receio, não compreendo muito bem o que se passa, não estou exactamente aonde queria neste momento, mas prontos, aceitamos o que nos é proposto e agora a única alternativa nesta minha cabecinha é para a frente.
Os primeiros dias são autênticos banhos de água fria (literalmente), e também banhos de informação, tanto social, como empresarial, como burocrática, podem pegar naquilo que sabem em relação á sociedade embrulhar e pendurar na árvore de natal, aqui não voz vai servir de muito, os mecanismos são outros as pressas inexistentes e a ordem social está virado do avesso, é África (algo que direi muito no decorrer desta historia), as primeiras duas, três semanas passam a voar, com muitas saudades, com muitas peripécias e muitas coisa que nos fazem chorar e rir, dar exemplos seria uma perca de tempo, teria de voz contar todos os dias, porque todos os dias acontecem coisas novas e impensáveis , mas para terem uma pequena ideia, um carimbo demora 3 dias, um dia para pedir e pagar em avanço, outro dia para ver a amostra, se é realmente o que se quer, e o terceiro para ir levantar o mesmo, tendo em atenção que ir á cidade perde se o dia, são 3 dias cós porcos, este primeiros tempos em Luanda foram só para tratar de assunto burocráticos, papeis da empresa, contas bancárias, seguros, e coisas do género, também aproveitei para me tentar familiarizar um pouco com o mercado, com as pessoas, e com os preços de alguns serviços que iríamos precisar. Nestas primeiras semanas aprendi muita coisa, que a água na torneiro é uma dádiva, não é garantida, que a luz idem, e que o clima quente é muito bom para os muitos banhos frios que temos de tomar por falta de água quente, também aprendi que a cerveja Cuca me dá cabo do intestino, e que a Sra. da hospedaria me lava a roupa por metade do preço se lhe der o dinheiro ás escondidas, que a internet a 150 kb é rapidíssima quando funciona, e que as pessoas da zona me acham um pula porreiro, como diria o meu amigo Sócrates, porreiro pá., também aprendi que comer por menos de 20 euros, é ser muito poupadinho.
Com isto, está na hora de me mudar de armas e bagagens para Viana, terra a 15 km de Luanda, ou como se fala aqui, a 2 ou 3 horas de distância, é onde estará o meu local de trabalho e onde terei de procurar uma casa para morar durante a minha permanência aqui. Vou ficar hospedado na Casa da Juventude, um local agradável e cheio de movimento, é uma escola de formação com um hotel, tirando os dias em que falta a água, luz, e pequeno-almoço, é um espectáculo, digo espectáculo porque sexta, sábado e domingo há sempre festa, boom boom lets party my man.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Tudo tem um começo


Claro está, td tem um começo... e hoje decidi começar a escrever aqui no meu blogg, nem sei se será por mt tempo ou não, mas afinal, é um começo. Provavelmente já será tarde para transmitir todos os sentimentos que se tem nesta terra, mas só agora é que posso dizer que tenho tempo.