Angola

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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Bem, não há aventura que não tenha pelo menos no nosso pensamento inicial, uma finalidade, e perguntam vocês qual é a minha finalidade? Eu vim para aqui com duas finalidades em mente, a 1ª Fundar uma empresa vocacionada para a área logística mais propriamente uma empresa de fabrico e comércio de estantes ligeiras e industrias, ou para os comuns mortais, PRATELEIRAS, vim equipar os nossos armazéns, formar as equipas de montagem, de entregas, formar pessoal para o armazém, pessoal para os escritórios, vim começar uma empresa da estaca zero, pelo menos em termos humanos, considero me, e com algum orgulho, o batedor da empresa, sou eu que venho abrir caminho e criar condições para o futuro.
O trabalho tem sido imenso porque tirando todas as tarefas que mencionei acima, há a questão das burocracias locais, dos atrasos provocados por trânsitos caóticos, e também da falta de condições gerais, temos de arranjar formas alternativas de energia e águas potáveis, porque a zona industrial onde estamos localizados não tem rede de águas nem eléctricas por enquanto, isto apesar de ser muito próximo de uma das maiores zonas industriais do pais, a Zona Económica Especial. Eu sou o que a minha querida mulher acusa de workaólico, e é verdade, acordo todos os dias com vontade de ir trabalhar sou abençoado com a prazer de fazer algo que adoro, costumo dizer que me pagam para eu conhecer pessoas e fazer amigos que mais pode alguém pedir.
Mas a 2ª finalidade foi investir na criação de melhores condições para a minha família, uma vida economicamente mais estável, com menos um pensamento diário de como pagar isto ou pagar aquilo, não sou nem nunca fui rico, vivo do meu trabalho, ou melhor a minha família vive do trabalho da minha esposa e meu, penso neste momento como um investimento para o futuro, e comecei a pensar mais no futuro depois de ter a minha piolha, e de ter outros dissabores que para já nada interessam.
Mas o que realmente interessa é que neste momento as duas finalidades começam a afastar se cada vez mais, se por um lado eu tenho o meu trabalho que faço com todas as forças que tenho, pelo outro lado vejo a minha família a ficar mais afastada de mim, eles estão em Portugal e não será fácil virem num futuro próximo para aqui, e aqui também aprendi que o dinheiro não é tudo, há coisas na vida que o dinheiro nunca me poderá pagar, a minha filha nunca mais terá 2 anos e meio, e eu não vou poder voltar atrás e fazer o que perdi nestes tempos aqui, mas sei que faça o que fizer serei sempre criticado por ter feito algo errado, alguém conhece um pai que não tenha sido criticado pelo seu rebento? E é aqui que reside a minha maior duvida e o meu dilema, é verdade que está cá muita gente, muita malta com a família na Tuga, é verdade que aqui se vê um futuro para alem do amanha, não olhamos para o horizonte com a sensação que não há mais nada lá a frente, sabemos que ainda há muito trabalho pela frente, e que onde há trabalho há espaço para os workaólicos se safarem, mas afinal poderei só falar por mim e pelo que sinto.
No entanto depois de estar aqui á algum tempo fiquei com uma 3ª finalidade, absorver o máximo possível desta terra de contradições, está cheia de coisas lindas e horrores, de boas e más pessoas de todo o mundo, de coisas que nos fazem rir para não chorar, e de coisas que nos fazem chorar de tanto rir, ninguém poderá alguma vez sair daqui dizendo que não aprendeu nada, é África...

3 comentários:

  1. Olá,

    Não vou dizer nada, porque custa muito tudo o que estamos a viver.
    Apenas quis que soubesses que li............
    bjos

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  2. Caro Hugo,
    Já aqui tinha vindo 2 vezes. Adoro África e achei interessante ler descrição de um inicio nessa terra.
    A separação pode ser dura, acredito que seja e muito mas haverá sempre o lado menos mau ou até talvez bom.

    "...alguém conhece algum pai que não tenha sido criticado pelo seu rebento?"

    Nem eu nem os meus irmãos alguma vez criticámos o(s) nosso(s)pais e tivémos uma vida de casa às costas quase toda a minha infância. A 1ª vez que estive 2 anos seguidos na mesma escola tinha 12 anos. A 1ª vez que passei o natal com o meu pai tinha 6 anos...
    Os filhos têm de saber que os pais têm de fazer opções na vida para o bem de toda a família.

    Espero ter dado uma ajudinha e espero que os 2 e a pequenina consigam superar com êxito esta fase.

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  3. Gostei de te ler primasso! ;)
    É duro estar longe de quem nós amamos, mas se compensar... FORÇA!!
    Cá estamos a dar-te coragem e ânimo deste lado do Alântico! (em cima e à esquerda, mais propriamente)
    Bom mesmo era levares a vossa familia toda! Já não sentias saudades de ninguém e a tua esposa e filhotita estavam mais acompanhadas! LOL

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